"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

sábado, 23 de novembro de 2013

Eu não sei. Talvez eu esteja errada. Mas eu não concordo com essas definições de amor que vemos por aí. Definições criadas para, no fundo, consolar quem não foi amado. O amor assim chega a ser indiferente e frio: “ah, o amor verdadeiro deseja que o outro seja feliz, mesmo sem mim”, “o amor verdadeiro liberta” e por ai vai. Eu não concordo. O amor pra mim é mais simples que isso. Não é um sentimento divino. Não traz culpa. E assim como nós, tem seus defeitos e seus contraditórios. Sentimos ciúmes, saudade, queremos perto, queremos abraçar, cuidar, acariciar. Sua simplicidade está nisso. Está em, no fundo, querer que quem amamos fique perto de nós e não longe. Que choremos quando isso não acontece. Que fiquemos com raiva e nos revoltemos com a vida. O amor é simples. Não é religião. Não tem regra nem modo de conduta pré-definido. Não é perfeito. Não faz sentido. Não exige. Não cobra. Não julga. Simplesmente tem o mesmo cerne de quem o carrega: humanidade.

sábado, 2 de novembro de 2013

Última Carta




Hoje eu prometi que esse será o ultimo texto que eu escrevo pra você. Não por uma promessa boba, ou raiva, ou mágoa, ou seja lá o que possa ser quando nos emburramos com alguém. É porque eu realmente preciso deixar isso para trás: você e nossa história. Tenho carregado algumas lembranças pela rua afora como se fossem uma parte da roupa que uso. Olho nos lugares mais inusitados tentando te encontrar ali. Fico pensando diversas vezes no que você estará fazendo. Se você é tão feliz assim com ela. Se ainda lembra de mim ou se assusta ao me ver na rua. De vez em quando, vejo você passar no seu carro cheio de marras e orgulho. E fico pensando se você soterrou alguma lembrança nossa no seu porta-malas. 
Ainda sinto reações emocionais quando te vejo ou simplesmente quando te confundo com algum cara na rua.
 Ao mesmo tempo em que eu queria muito te ver, olhar nos seus olhos e sorrir, eu tenho medo da imagem que eu possa ver refletida de volta. Pela primeira vez, não faço a mínima ideia de como está sua vida. Se você, por um milagre do destino, conseguiu alinhar seus sentimentos com alguém. Assumo que isso me dói e me assusta. Por vezes sinto vontade de chorar e sair correndo esperando uma explicação para o que se deu na minha vida ao ponto de eu gostar tanto assim de você, sem sentido algum, e você se quer lembrar que eu existo. Tem dias que penso que você poderia deixá-la e voltar pra mim. Mas isso seria uma prova de que não mudou e então, não daríamos certo. Outras vezes penso que ela poderia deixá-lo pra mim. Mas eu não conseguiria viver com a insegurança.  E nas duas sei que estou pensando de forma egoísta. 
E assim vou percebendo, meio sem querer, meio aos trancos e barrancos, meio à força e pela goela a baixo que realmente nossa história acabou. Talvez antes que qualquer um de nós tenha percebido. Talvez aos pouquinhos em cada erro que cometemos. E como em cada fim, sempre tem alguém que vai e outro que fica juntando os restos que sobraram, não preciso dizer qual foi a minha posição nisso. 
Hoje dói menos, é mais um ventinho frio diante das lembranças que eu segurei. E por ser um texto de “despedida de texto”. Vou gastar um pouco minhas linhas para eu não ter que colocar nenhum P.S no final. Então já deixo registrado que se você se casar, eu vou sentir. Se eu te ver na rua ou na festa com ela, eu vou continuar sorrindo, bebendo meus drinks, dançando e morrendo por dentro. Enquanto você viajar ou fazer um programinha bem patético no final de semana, eu vou continuar gastando meus pensamentos. Assim até acabar. Bem aos pouquinhos. Eu tenho paciência. As linhas hoje já se calaram. Um dia o coração também calará, sem precisar sequer dizer qualquer palavra de adeus.

segunda-feira, 22 de julho de 2013


Fico espiando sua vida. Todas essas fotos felizes e sorridentes, tentando me convencer de que eu estou procurando uma prova do fim inevitável e definitivo. Mas eu sei que eu, na verdade, busco uma esperança, enferma que seja, de que ainda exista algo de mim no seu sorriso e no seu olhar. Algo que eu contraditoriamente sei que é ilusão. Então eu me corto. Estilhaço meus pulsos e peitos olhando uma vida que eu já não faço parte. Nem fiz parte. Procurando ali o momento na nossa história o qual eu excedi, ou faltei. Eu não acho. Tento me convencer a cada mão dada, a cada abraço que não sou eu quem está ali. Mas quero me enganar que é tudo passageiro. Que um dia você vai voltar pra nossa história em cacos e dizer que podemos tentar, que você vai fazer diferente. Como você sempre disse. Mas eu sei que não vai. Não vai. Não vai. Mesmo assim eu continuo olhando essas fotos que representam o que eu não sinto. O que eu nunca fui. O que eu nunca vou ser pra você.

sexta-feira, 22 de março de 2013


Tudo começou com um beijo de baixo de chuva. Foi naquele dia, que eu pude ver seus olhos mais de perto. Tão castanhos, tão rasos. Foi bem nesse dia que eu grudei meus braços no seu peito e ouvi seu coração. Só não sabia que ia ser tão difícil de descolá-los de novo. Eu achei que nunca ia te amar por causa desse seu jeito arrogante e cheio de certezas. Na verdade, eu tinha medo de te amar por, no fundo, saber que eu não sou o tipo de mulher que você ama. Eu tinha muito medo de sentir saudades suas. Aquela saudade meio vazia, meio sozinha. Mas você me olhou de volta. E eu me perdi ali dentro. Eu me esqueci do perigo. Eu montei um sonho. Ai um dia você foi embora. Você cortou nossos fios. Você se esqueceu da gente. E eu fiquei ali, com meus sonhos ressecados, rachados. E quando eu acreditei, que não havia volta. Você me ligou, em uma tarde qualquer. Você olhou de novo.
Eu já não sei mais o que fazer. Eu já tentei me mudar de cidade. Já beijei milhões de caras. Já tentei acreditar que estava apaixonada por outro. Já tentei me reapaixonar por um ex. Já tentei me sentir melhor sozinha. Mas, sem querer, como se fosse já automático,  ou inerente, eu te espero voltar. Mesmo repetindo no espelho que você, dessa vez, conseguiu alguém que é melhor que eu. 


          Com o tempo eu comecei redirecionar meus planos. Comecei a não colocar muitas pessoas dentro dele, pra não ter que reorganizá-lo toda vez que alguém vai embora. Eu comecei a me planejar sozinha. Vez ou outra, eu coloco um corpo sem rosto, só pra saber que quem quiser estar ali, estará. Um rosto com nome demandaria instabilidade em meus planos. Realmente eu fiquei egoísta. E comecei a me amar mais e em primeiro lugar. Eu sei cada defeito meu, cada coisa que eu não sei fazer ou faço errado, mas mesmo assim, eu me escolho. E rio disso. Eu me aceito com minhas cobranças e reclamações. E isso não pesa em ninguém. Na verdade, era até leve. Leve saber que eu, em alguns dias, posso ser a pior pessoa do mundo, e ainda sim, vou me amar. Eu não vou me abandonar, nem me trocar, nem reclamar que gosto de mim, mas que não dá mais. Eu posso me amar, sem medo, porque meus defeitos não me afastaram de mim. Eu posso ficar irritada, porque ninguém vai embora. Eu posso ter planos e me colocar neles, porque eu não vou abandoná-los sozinhos.
          Por isso, algumas sensações se anestesiaram. Não doem mais. Talvez um cisco de rímel nos olhos da festa de ontem. Ou um sapato apertado de mais. Mas eu nem me importo. Porque isso sara em instantes. Dói bem menos do que outros lugares onde já estiveram pessoas. Na verdade é até um alívio sentir uma etiqueta incomodando, ou uma dorzinha na perna porque dancei de mais. Porque isso, é só comigo mesma, e eu me cuido, me previno. Nada de terceiros. Mesmo porque, de repente, eu percebi que nenhum cara merece estar dentro dos meus planos. È um tanto solitário isso. Mas também, eu descobri, que não preciso mais sentir saudade, ou dor de perda. Porque a gente não perde aquilo que não tem. E não quer ter.

domingo, 24 de fevereiro de 2013


É engraçado como, depois de certo momento, ficamos com dificuldade em nos desfazer de algumas memórias. Principalmente aquelas que não deram certo, e ainda sim, insistimos em revivê-las, ensaiando, em nosso íntimo, como seria se tivesse sido diferente. Quanto mais o tempo passa, mais dependente ficamos de uma dedicatória deixada em um livro ou de uma foto abraçada. Fechamos os olhos e pedimos, lá do fundo do peito, que o passado seja esquecido e possamos reviver infinitamente aquele momento que nos foi tão feliz.
Mas quando abrimos os olhos, a luz entra forte, e nesse fugaz momento de cegueira, o coração pede desesperadamente que tenha sido feita a nossa vontade. Mas não foi. Então a gente esconde o sonho, respira fundo e finge que deixou tudo pra trás

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Hoje eu penso em como teria sido se eu não tivesse me apaixonado por você. Quantas vezes eu não teria chorado de saudade. Quantas vezes eu não teria me importando com as namoradas que você arrumou. Quantas vezes eu teria mantido minha alto estima porque não ia me importar com as modelos que você desfila. Quantas mágoas e quantas palavras podiam ter sido evitadas? Quantas lembranças ruins não iam existir. Se eu não tivesse me apaixonado por você, eu não teria tido tanto ódio pelo seu descaso e pelas suas injúrias. Quantas vezes eu não iria te ligar possessa porque você se equivocou quanto ao que disse pra mim. Se eu não tivesse me apaixonado, eu teria te beijado quantas vezes eu quisesse e isso não ia fazer a mínima diferença. Eu teria sido a melhor mulher na cama porque não ia me importar nenhum pouco com você. Eu não ia me lembrar de você em sábados chuvosos nem em filmes de terror. Eu nunca ia sentir seu abraço, porque eu ia te abraçar só por uma questão de etiqueta. Nunca ia ouvir você dizer que eu era a mulher da sua vida, porque eu não ia ter o mínimo interesse em ser. Se eu não tivesse me apaixonado por você, quantos sonhos eu teria guardado, quantas histórias eu teria vivido? Quanto de mim eu teria mantido? Quanto de você eu teria mantido ? Talvez você nem precisasse voltar, porque se eu não tivesse me apaixonado, você estaria sempre aqui, perto.