"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

sábado, 2 de novembro de 2013

Última Carta




Hoje eu prometi que esse será o ultimo texto que eu escrevo pra você. Não por uma promessa boba, ou raiva, ou mágoa, ou seja lá o que possa ser quando nos emburramos com alguém. É porque eu realmente preciso deixar isso para trás: você e nossa história. Tenho carregado algumas lembranças pela rua afora como se fossem uma parte da roupa que uso. Olho nos lugares mais inusitados tentando te encontrar ali. Fico pensando diversas vezes no que você estará fazendo. Se você é tão feliz assim com ela. Se ainda lembra de mim ou se assusta ao me ver na rua. De vez em quando, vejo você passar no seu carro cheio de marras e orgulho. E fico pensando se você soterrou alguma lembrança nossa no seu porta-malas. 
Ainda sinto reações emocionais quando te vejo ou simplesmente quando te confundo com algum cara na rua.
 Ao mesmo tempo em que eu queria muito te ver, olhar nos seus olhos e sorrir, eu tenho medo da imagem que eu possa ver refletida de volta. Pela primeira vez, não faço a mínima ideia de como está sua vida. Se você, por um milagre do destino, conseguiu alinhar seus sentimentos com alguém. Assumo que isso me dói e me assusta. Por vezes sinto vontade de chorar e sair correndo esperando uma explicação para o que se deu na minha vida ao ponto de eu gostar tanto assim de você, sem sentido algum, e você se quer lembrar que eu existo. Tem dias que penso que você poderia deixá-la e voltar pra mim. Mas isso seria uma prova de que não mudou e então, não daríamos certo. Outras vezes penso que ela poderia deixá-lo pra mim. Mas eu não conseguiria viver com a insegurança.  E nas duas sei que estou pensando de forma egoísta. 
E assim vou percebendo, meio sem querer, meio aos trancos e barrancos, meio à força e pela goela a baixo que realmente nossa história acabou. Talvez antes que qualquer um de nós tenha percebido. Talvez aos pouquinhos em cada erro que cometemos. E como em cada fim, sempre tem alguém que vai e outro que fica juntando os restos que sobraram, não preciso dizer qual foi a minha posição nisso. 
Hoje dói menos, é mais um ventinho frio diante das lembranças que eu segurei. E por ser um texto de “despedida de texto”. Vou gastar um pouco minhas linhas para eu não ter que colocar nenhum P.S no final. Então já deixo registrado que se você se casar, eu vou sentir. Se eu te ver na rua ou na festa com ela, eu vou continuar sorrindo, bebendo meus drinks, dançando e morrendo por dentro. Enquanto você viajar ou fazer um programinha bem patético no final de semana, eu vou continuar gastando meus pensamentos. Assim até acabar. Bem aos pouquinhos. Eu tenho paciência. As linhas hoje já se calaram. Um dia o coração também calará, sem precisar sequer dizer qualquer palavra de adeus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário