"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cada dia que passa vejo o quanto o Brasil (mesmo sendo a terra que eu amo) é completamente uma piada. Agora a onda da vez no Lugar que vai sediar a Copa é o tal “rolezinho”. Que, na minha opinião, não é um assunto tão superficial quanto se tem tratado. Concordo que o país tem problemas muito maiores do que ficar vigiando garotos ditos “pobres” que ficam subindo escadas rolantes ao inverso e cantando funk paulista, incomodando as classes ditas “ricas”. A questão é toda uma relação com duas matérias que eu li. Na primeira delas, é sobre uma crítica e uma comparação aos valores praticados aqui (Brasil) e nos EUA. Não vou delongar porque acho que cada brasileiro que vai ler o que escrevo sabe que os carros, os celulares, os impostos, as contas de água e energia, o petróleo, são de valores surreais, muito além do que os EUA pagam. Certo. Mas por que eu estou falando justamente dos EUA? Porque todo mundo sabe que eles são os donos da maioria das marcas introduzidas no Brasil, as ditas marcas de “ricos”.
E o que isso tem a ver com o “rolezinho”? Bom, lendo as inúmeras reportagens sobre o assunto, vi em uma delas a seguinte descrição:
‘Ontem à tarde, na porta de uma loja de tênis do shopping, um adolescente de 17 anos, usando boné Quiksilver de R$ 150, cobiçava na vitrine o Mizuno Wave Prophecy 3, de R$ 1.000. "Não, eu não aceito comprar um falso, pirata", garantiu.
Trabalhador em um lava-rápido, ele ganha R$ 750 por mês, mas não se assusta com o preço. Faz parte da ostentação. Dois seguranças em seus rádios informavam toda a movimentação do rapaz.’
Então, diante de todas essas colocações, eu me pergunto: O que está acontecendo com as nossas raízes? Por que é tão importante pra esse garoto comprar uma marca que vai muito além de seu salário? O que ele irá agregar com isso? Fazer parte daquele grupo? Não, ele não quer ser um “boy”.

Fico assustada em saber que, quanto mais o tempo passa, pior fica a cabeça dos nossos jovens, que usam uma música tão impactante para fins tão supérfluos. Preocupados em provar para a sociedade que são tão materialistas quanto eles. A classe que deveria ser a mais oposta a esse consumismo vil e injusto é a que mais têm o admirado pelas vitrines, tentando inseri-lo em suas vidas, em sua cultura. As pessoas da periferia que eu julgava serem as que se lambuzavam com as características do pais, estão se tornando um boneco de marionete nas mãos da ilusória vitória que é a sensação de poder ser aquilo que eles mesmos negam nas letras das musicas que cantam.