"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Existe uma criança que brinca todos os dias. Com suas bonecas de pano e sua espada feita de jornal. Ela usa um vestido florido aos domingos e inventa sua vida nos castelos magníficos embaixo das mesas. Ela cavalga em seu veloz cavalo branco feito de vassoura. Seus olhos são azuis, pretos, castanhos, verdes e cinza, dependendo do tempo que faz do lado de fora. O sorriso é sempre sorriso, mas às vezes, - dependendo do tempo que faz do lado de fora -, os olhos apagam o sorriso com uma gotinha por vez. Mas o sorriso é sempre sorriso. Um dia quando lhe exclamaram:
 “- Puxa! Você tem uma espada, um cavalo e um castelo!”
Ela olhou com seus olhos de contas e disse.
“- Não! Não tenho nada. Eu gosto de ser algumas coisas.”
“- Você não tem vontade?”
“-Não. É muito chato sempre ter. Nunca se pode mudar o que tem. Mas você pode mudar o que você é.”


Não sei o que estou sentindo agora. Tenho pensado em tantas coisas ao mesmo tempo, que minha cabeça parece uma caçamba de entulhos. Lembranças entulhadas, saudades entulhadas, vazios entulhados.  Pilhas e pilhas de historias as quais não sei distinguir quais são reais e quais eu mesma inventei.




quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O olhar do menino que murmura
Em meus ouvidos canções de ninar
São pedaços de saudades
Que o tempo carrega no ventre
Germinando sorrisos nos momentos
E dando luz às pequenas lembranças
Esquecidas no quintal...
As faces em fogo, as vozes felizes
São braços despreocupados
Em carregar o peso dos sonhos
O peito que palpita sem fôlego
São relances de vida
Onde o amanhã não importa
O beijo úmido na face que
Foge em busca do infinito
São gargalhadas que denunciam
A conseqüência de amar
As mãos que apertam a ansiedade
E convidam a esperança
A dar um passeio pelo descanso
São passos que convidam o mundo a recomeçar
Os pés que percorrem o vento
São asas que aliviam o medo de ser
O olhar brejeiro que insiste
Reflete nos gestos o cerne da alma
São leis que libertam fronteiras
Pedaços de um menino que dorme
Sobre murmúrios do tempo
São lembranças que gritam
Saudades perdidas

Em canções de ninar. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Disfarce

To aqui escondidinha, no meu cantinho reservado, inócuo. Inocente e silencioso. Esperando, esperando... Esperando eu mesma voltar das montanhas e vales da mente que tripudia. Dos labirintos insolúveis dos desejos vagos e caros da alma. Esperando voltar da saudade, esperando voltar da sessão de passado que já acabou. Infância perdida. Juventude que ainda está aqui, mas mudou de residência. Esperando voltar dos anos que não tenho mais. Esperando voltar dos sonhos que não vão acontecer, ou que não devem acontecer... Esperando voltar da vontade, dos segredos que não posso contar, esperando voltar das lagrimas que não chorei. To aqui bem quietinha, escondida atrás de expressões que ninguém quer ver. Camuflada de tédio e de indiferença

domingo, 2 de outubro de 2011

Domingo quente esse... Sem sono... sem sonhos... Converso com algumas pessoas no imortal MSN. Nada de novo. Sem expectativas. As vezes parece alguém que faz uma luzinha esperançosa lá no fundo, aparecer. Mas não é mais. Desapego. Só um amante. Só a outra que no momento não tem utilidade. Não sei... mas parece que a vida das outras pessoas mudam tão rápido... Elas esquecem simplesmente... Sinto-me tão diferente. Parece que sou anormal ou piegas de mais. Nunca descobri que alguém parecesse comigo... Vejo-me com a menina das fotos solitária. Tenho sim, milhares de colegas, alguns poucos amigos. Mas em um certo momento, as fotos ficam sozinhas na calada da noite. Sempre a menina que dança a valsa. Que não tem o álbum a dois. E quanto mais o tempo passa, mais me acostumo com o vão ao lado dos braços. Parece que a solitária companhia de mim mesma, afinal, é minha alma gêmea. Meu amante é o texto nú. O sentimento é a nostalgia. Leio texto sobre "quem são os homens", "não demonstre sentimentos"... Tá bom! Esperei 25 anos para não demonstrar nada. Deve ser mesmo. Texto horrível esse. Mas meus pensamentos têm sido assim mesmo, inacabados, incoerentes, sem sequencia. As coisas vão mudar, vão melhorar... Certo. Vou continuar então, da mesma forma, sem esperar. Afinal, meu mundo piegas e excêntrico é só meu mesmo. Aqui onde vivo, ele não deve existir, e eu sou um ET que veio de lá.




"E ela valsando, só, na madrugada, se julgando amada, ao som dos bandolins"