"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Dúvidas Irônicas

A ironia de tudo isso é que às vezes parece que a saudade passa. Achei que as lembranças haviam desfalecido de uma forma tão profunda, que nem um ouvir do seu nome iria acordar. Passei muito tempo achando que estava feliz por ter te esquecido. Calei-me de vez e nunca mais citei nenhuma lembrança nossa, nem alegre nem triste. Ninguém nunca mais me viu lembrar de você. Raras vezes  me peguei falando displicentemente  de algum caso por aí, porque não é possível eu te excluir do meu passado. Eu não posso dizer que isso é saudade, nem orgulho ferido, nem amor. Eu, até hoje, não sei o que é isso que sinto. Você mexeu comigo, só isso que posso dizer. Sei que inquietou meus monstros internos. Cutucou minha comodidade emocional. Não importa se você é um idiota ou um partidão. Se o seu sarcasmo é saudável ou doentio. A questão é que, de alguma forma, você se imortalizou no meu peito. Você dorme e acorda do nada e quando quer. Enferrujei minhas linhas justamente para apaga-lo de vez até do que mais gosto de fazer: escrever. Escrever sobre amor. E eu só escrevia sobre você. Você tomou conta até das minhas folhas em branco. Uma incógnita sentimental é o que você se tornou. Creio que eu nunca saberei o que foi o nosso caso, porque nunca tivemos a chance (ou a desperdiçamos) de viver o que de fato sentíamos. Foi medo de arriscar? Preguiça de abrir mão? Arrogância? A ironia disso tudo é que dúvida é o único sentimento que posso usar para descrever uma coisa que eu nunca duvidei que sentia.

De 2014, só para não perder as palavras por aí...