"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Contradições

Venho observando alguns “Pensamentos compartilhados” no facebook (e esse aqui não foge a regra). Sejam alheios, sejam os próprios. Os temas discutidos são inúmeros: o quanto as pessoas não aproveitam a vida, o quanto o corpo sarado é cultuado, o quanto as mulheres estão sobrecarregadas com as expectativas culturais, o quanto o amor está defasado. São textos interessantes. Alguns até tocam a gente. Mas quantos deles nós, de fato, tentamos praticar? Quantos deles são para inflarmos nosso ego? Quantos deles nos transformam em pessoas hipócritas e quantos deles são indiretas?
Vivemos em uma era de informação em excesso. Nosso cérebro evoluiu mais rápido que nossa alma. Não estamos maduros para lidar com a rápida transformação tecnológica. Seremos velhos arrependidos de ter gritado que e o amor e a amizade são o mais importante para o mundo mas não sussurramos ao nosso amigo e ao nosso amor que ele é o mais importante para nós. Fomos criados para acharmos que somos os melhores, que somos inteligentes, que somos especiais, que não merecemos a dor, que detemos o poder de julgar, de não saber ouvir críticas, de não pensarmos sobre quem somos mas do que precisamos ter. Geração dos que não sabem o que amam e nem o que querem amar. Eu não sou feliz todos os dias e também passo longe, mas bem longe de ser perfeita. Cometo meus erros, perco a paciência, exijo muito dos outros e de mim. O que quero, nesse mundo envolto de palavras, são atitudes. Não quero uma mensagem no whats app, quero uma ligação. Não quero um convite no facebook, quero um abraço, não quero um texto poético, quero um momento de contato face a face, não quero uma declaração de saudade, quero um recado respondido. Quero ser amada também quando não sou “amável”. Esse vínculo tecnológico ainda não me convenceu. As palavras são uma fonte profunda de intenções e auspícios. Não posso deixar que elas sejam só uma sensação, mas sim uma atitude real nesse mundo de olhares virtuais. Esqueça um pouco o teclado e dê atenção as suas mãos.