"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

sábado, 17 de setembro de 2011

Volúpia

Quero perpetuar-me na sua pele
Feito a cicatriz dolorida
E arder no seu peito
Como se fosse um fogo inefável e doentio.
Inebriar-lhe de desejo
Num caleidoscópio de volúpia.
Quero adormecer no travesseiro
Dos seus braços,
E repousar frouxa, morta,
Murcha de cansaço e ócio
E penetrar no mais profundo cerne
Da sua alma.
Deleitar-me nos seus músculos incógnitos
E abraçar-me ao devaneio
De que o siso é conivente ao nosso desejo leviano.
Quero ser a tatuagem fria e crua,
Desenhada em carne viva
E queimar inexoravelmente no seu corpo inteiro.
Quero ser o seu sonho mais louco.
A desfaçatez frívola e sutil.
O espinho que crava na pele,
E o remédio que arranca a dor.
Preciso acreditar que tudo isso é auspicioso,
E que nosso desejo insano não é efêmero
Quero esmaecer em seu calor libidinoso,
E por um momento fugaz
Crer que não há nada mais terno
Do que me entregar às suas loucuras.
Descansar na lascívia do seu peito
E sedenta reclamar seu cheiro,
Quente, doce, vermelho, embriagante.
Quero ser a dor que bate intermitentemente
Enlouquecendo seus sentidos,
E destruindo sua sanidade.
O sangue que percorre nas suas veias
E o veneno que lhe embriaga de insensatez.
Quero ser o lânguido pesadelo
Que atormenta suas noites de sono,
E o repouso dos seus suplícios.
Quero abraçar-me na sua pele suada
E crer que em nossos corpos famintos
Só o desejo mora.
Quero ser o seu desejo deletério
E a essência da sua alma.
Quero me perpetuar na sua carne
Como a ferida profunda e eterna
Que queima, arde e alivia
Feito a dor que cicatriza...

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