"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Meu amor emburrecido


Eu tive que reiniciar todo aquele processo: excluir você dos meus sites de relacionamentos. Apagar seu nome da minha agenda do celular e as mensagens que me mandou.
Há algum tempo venho tentando sumir com o CD que você me deu e aquela maldita dedicatória do livro. Mas tem sido difícil.
Difícil porque você se desfaz de mim e de nossas lembranças de uma forma muito fácil. Você chama alguém de “amor” de um jeito tão simples, que eu já estou começando a pensar que eu sou a errada nessa história toda.
Não sou hipócrita: queria que você pagasse por tudo que me fez. Pagasse com juros cada sorriso meu que se apagou no tempo. Queria realmente que você se arrependesse e que viesse me pedir desculpas de joelhos. Só pra eu dizer que não te perdoo. Mesmo que por dentro eu tenha uma vontade gigante de te abraçar e te trazer de volta pra minha vida.
Mas o mundo não tem lei. Vou assumir: te ver feliz assim, sem mim, dói. Porque eu queria estar ai. Porque eu queria que você também sentisse minha falta.
Ensina-me? Ensina-me a amar os outros com prazo de validade e com condições meteorológicas? Ensina-me a habilitar e a desabilitar as pessoas quando me der na telha? Dê-me uma lista de verbos de carinho que eu possa sair por ai recitando pra qualquer um e não ter que me responsabilizar por isso. Ensina-me a ser assim? Igualzinha a você? Diga-me onde foi que você trocou seu coração por um pedaço de rocha? Eu vou lá: dou o meu e ainda pago o que for preciso pra eu ter uma pedrinha aqui no peito também.
Porque no fim das contas eu estou cansada sabia? Cansada de te cortar das fotos, mas ficar caçando um pedaço do seu braço nelas. Cansada de salvar nossas conversas nos meus back ups e excluí-las do meu computador, tentando me enganar de que eu te anulei de tudo. Cansada de deitar no travesseiro e imaginar seu abraço ali. E me dar conta, 5 segundos depois, que é só um delírio.
Você nem me perguntou nada, mas estou desabafando em silêncio pra você! Mesmo que você nunca saiba disso. E eu sei que nunca vai saber, embora o meu coração-não-de-pedra, no fundo queria que você lesse. Mas eu sei também que você não ia sentir porra nenhuma, não ia se importar. Acho que até ia rir e contar pra sua nova namorada: minha ex me mandou isso (sinta ciúmes e veja como eu sou amado! Massageie meu ego).
Acho que eu te amo. Emburrecidamente. Tenho a impressão de que eu sou uma aberração que nasceu com dois corações: um no peito e outro na cabeça.
Cara, a gente era amigo. Na verdade acho que amo nossas lembranças, sabe? Eu não amo você mais: amo as memórias que eu tenho de você! Do meu amigo, de olhar sincero e cretino. Que eu fazia rir: era tão suave te ver rindo. Só que acho que você nunca se importou com o meu sorriso.
É tão estranho. Você ai, tão longe... Amando, amando... Queria saber o que se passa ai nessa sua cabeça cheia de pelos. Queria saber em que momentos eu perpasso por ela (ou perpassei) e o que era afinal.
Meus dedos já reclamam desse enxame de textos que eu escrevo pra você, ou de você. Mas agora, é onde posso desabafar. Eu estou tão confusa, que nem sei o que eu quero da vida, não entendo sequer a porra que eu to sentindo. A única coisa que eu sei é que eu realmente não queria ter te conhecido. Ou queria que você fosse diferente. Tem dias que eu até me engano tentando justificar “psicologicamente” seu comportamento. Mas eu esto cansada de saber quem você é. Mas ainda sim, continuo esperando algo de melhor de você. Incansavelmente. Ainda acredito que exista algo bom ai dentro. Que exista eu ai dentro. Sei lá. Ou talvez seja só o meu amor emburrecido.

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