"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Eita, Mundinho sem Lei!



O mundo não tem lei mesmo. Você faz e desfaz as páginas da sua história sem se preocupar com os personagens que criou. Personagens? É... e acho que eles ganharam vida depois que você escreveu algumas linhas românticas. Andei assumindo a posição de mocinha do seu livro. Mas você se enjoou da história e arrancou as páginas.
Simplesmente resolveu escrever mais um livro e não se preocupou com o desfecho do outro. Talvez a mocinha estivesse esperando um final feliz, ou algumas páginas a mais: três parágrafos são poucos para uma história concreta. Talvez até uma morte era mais aceitável. Mas você parou a história no meio, amassou o papel e desenhou outra mocinha.
É...  E mundo não tem lei mesmo. Você continua suas linhas, descrevendo suas amantes com o mesmo sorriso que o meu. Pergunto se algum leitor desavisado o alertou que o corte de cabelo delas também eram recortes de outra personagem.
Só ainda não entendi a sua mania de me amassar para poder desenhar outra parecida. Porque igual é impossível. Nem Da Vinci conseguiria reproduzir fielmente sua Monalisa. Quem dirá você, que não finaliza suas histórias nem sabe se desenhar no próprio papel.
Já reparei que sua biografia é um tanto turva e você não sabe muito bem o que escrever. Você desenha seus amores com traços finos e perfeitos, mas inventa alguns defeitos só para ter a sensação de amassar alguma coisa que não é boa o bastante para permanecer na história. Quando vai se desenhar, não sabe se definir, nem por fora, nem por dentro. Então você inventa um príncipe em um cavalo branco, cheio de amor pra dar. Mas, no final das contas, o cara perfeito que você finge ser, é na verdade a capa do romance. O mocinho mesmo, está em alguma outra história, que não é a sua. Você é só um cara que caiu de gaiato e não sabe onde está.
Eita mundinho sem regras, sem consequências. Pobre de nós que tentamos escrever ao menos um Gibi, sem saber que costumam jogar fora quando aparece uma nova edição.
E nesta de ficar escrevendo, desenhando e amassando, você nem percebeu que a sua personagem no lixo roubou seu lápis.
Acho que a mocinha virou vilã, depois que ela mesma conseguiu sair do papel amassado e descobriu que ficou com marcas. A mocinha, nem tão boazinha mais, nem tão sonhadora mais, abdicou do sorriso que era seu e o deixou para as outras amantes. Agora ela vai rir e muito depois que o seu estoque de papel acabar e você não tiver mais nenhuma história pra reciclar.

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