"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cartas para ninguém

Queria escrever alguma coisa hoje. Na verdade, gostaria de gostar de ler o que eu escrevo. Ou então queria escrever, escrever, escrever alguma coisa que fizesse a vida mudar, o mundo mudar. Que me fizesse mudar. Escrever alguma coisa que me lavasse inteira por dentro e por fora. Mas não sei. Não consigo derrubar as amarras. Minha cabeça tenta traduzir sem êxito meu coração. E ele se sente angustiado por esse fracasso. Queria poder contar para alguém, além dos meus travesseiros. Queria mudar o passado, mudar quem eu fui. Queria ter sido melhor. Queria ser melhor. Não queria ter sido a pior. Não queria me lembrar assim. Queria que cheirasse a jasmim. Queria que meus ouvidos ouvissem o cheiro, o cheiro, o cheiro... Repugnante! Queria secar as lágrimas antes que elas molhassem os lençóis. Queria poder ter confiado. Meias palavras. Queria que isso tivesse algum efeito. Talvez até tenha. Escrever cartas públicas para ninguém ler. Ninguém lê. Não o que eu escrevo, mas o que eu quero dizer.

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