"Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus... Não quero lembrar que eu erro também."
Renato Russo
"As palavras surgiram num sonho e eu as escrevi quando acordei, sem saber ao certo o que significavam ou a quem se aplicavam"
Neil Gaiman

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Não sei metades


Não sei metades.
Não sei viver pela metade. Não sei amar pela metade. Não sei rir pela metade. Conservo minha clareza de criança. Cultivo meus poucos amigos.
Não me envolvo pela metade. Não blasfemo palavras de amor. Não invento carinhos que não existem. Não me importo com o tempo que se vive. Importo-me com as pessoas com quem vivo. Danem-se as regras. Quero o mundo e limito-me ao espaço do outro. Eu posso tudo a minha volta. E sei que por isso mesmo, os outros também podem esse é o ponto. Dali eu não passo porque não quero que ninguém ultrapasse o meu.
Não sei sonhar pela metade. Meus sonhos são infinitos até o dia em que eu quiser.
Não sei contar segredos pela metade. Eu sou inteira, e inteira serei para todos.
Não sei chorar pela metade. Quero sofrer até o mundo acabar. Para que se esgote, e que, em fim, eu possa recomeçar limpa.
Não sei sorrir pela metade. Dou o sorriso mais fundo que tiver. Ou não darei falsos sorrisos.
Não sei falar meias verdades. Não sei lutar por coisas ou pessoas que não sei se amo, pois sou responsável pelo que consigo, sejam empregos ou pessoas. E elas acreditam no que faço, se demonstro isso.
Não sei ser pela metade. Sempre magoaremos quem amamos, e sempre seremos magoados por quem amamos. Serei eu, e infelizmente cometerei erros, mas que os outros não sejam vistos por mim como uma tentativa, mas como seres humanos nos quais eu interfiro na vida e que interferem na minha.
Não sei mentir pela metade. Não sei usar pessoas como teste de “dar certo”, se a outra pessoa não souber disso e concordar.
Não sei me envolver pela metade. Ou se entrega ou não se entrega. Se não me entrego, não manipulo para que se entreguem a mim. Sentimentos tratados com displicência dão sensação de perda terrível.
Respeito meus sentimentos de tal forma que respeito o sentimento dos outros. Não vale a pena sempre dar sem receber.
Prefiro a solidão à machucar alguém por orgulho, irresponsabilidade, inconstância ou egoísmo. Por isso, não amo pela metade. Sou inteira para cada um, porque metades não se reconstroem, apenas continuam na infinita vontade de serem inteiras. Ruínas se limpam, e renascem, sempre.

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